A todos que já tomaram um cano

Pra variar, ultimamente só lembro de abrir o blog e postar quando algum sentimento vem à tona e precisa ser extravasado. E normalmente é um sentimento ruim…

Mas dizem que é bom escrevermos sobre como nos sentimos, pois só de concentrarmos nossos pensamentos em um apanhado de palavras (e às vezes ler tudo isso também) o sentimento passa e te traz a sensação de desabafo.

Espero que continue lendo, especialmente se você está acostumado a “tomar um cano” dos seus amigos, colegas, conhecidos, crushes, parentes, escreva seu grau de relacionamento aqui.

Foto de rodrigomullercwb

Mas o que significa “tomar um cano”? Se você é novinho talvez não conheça essa expressão, que basicamente quer dizer “ser largado esperando” quando você já tinha combinado de encontrar uma ou mais pessoas. Levar cano de uma pessoa já é chato, imagina de uma galera toda? D:

Esses dias eu conversei com um amigo sobre a falta de tempo que predomina pela vida de 100% das pessoas que eu conheço, tentando entender se existe uma causa específica para isso.

Ele comentou comigo que, normalmente quando alguém diz não ter tempo, é uma mentira. Na verdade o que a pessoa tem são prioridades (às vezes não tem nenhuma), e se ela diz “não ter tempo” para aquilo, na real não é uma prioridade para aquela pessoa.

Mas não vamos radicalizar, né? A vida não está no nosso controle (especialmente a dos outros :P), e acontece de tudo: imprevistos, acidentes, doenças, um compromisso inesperado, porém impossível de adiar (ó a prioridade aí!), falta de grana, falta de planejamento e tantas outras etceteras!

Eu ainda não consegui entender o porquê de todo mundo nunca ter tempo para nada, mas sabe o que eu penso ser a resposta em 99% das vezes? O sinceríssimo termo de duas palavras: não quero. Se você é mais moderninho, então: “não tô afim”.

E não é por mal! As pessoas se sobrecarregam diariamente com a rotina estressante da vida, ainda mais se você vive numa mastertrópole (junção inventada de master + metrópole) como São Paulo. A gente vive estressado, correndo, com pressa, cansado, esgotado, doente e com a cabeça cheia. E a cidade não tem, literalmente, um minuto de silêncio para que a gente consiga recuperar um possível equilíbrio mental e organizar os pensamentos. Isso precisa ser procurado, senão não acontece.

Uma pausa, um refúgio, um descanso.

Comentei com esse amigo que sair com os amigos deveria ser tudo isso. Relaxante, divertido, prazeroso. Mas não, acaba virando uma tortura que muitas vezes a gente recorre a qualquer desculpa para poder recusar. Simplesmente por “não estar afim”.

Agora vamos a um outro cenário…

Você combinou com 5 amigos de fazer um churrasco em casa. Como bom anfitrião, amante de receber pessoas e ver a galera reunida, você cuida de cada detalhe com carinho, arruma o local, separa os pratos, os talheres, guardanapo, toalha de mesa, e ainda faz uns acompanhamentos básicos, tipo farofa e maionese, afinal a galera ficou de trazer as carnes, né?

Com tudo pronto você já vai esquentando a churrasqueira enquanto espera os amigos chegarem. Passada meia hora, você recebe ligação daquele casal de amigos dizendo que não vai, afinal não deu pra recusar o almoço na casa da sogra. Depois mais um amigo liga agradecendo o convite, mas esqueceu um compromisso super importante e não vai conseguir chegar a tempo.

O quarto amigo te avisa por mensagem que não vai conseguir ir e o quinto nem se manifesta, afinal ele pensa: “todo mundo já vai estar lá mesmo, eu não preciso ir“.

Parece familiar?

Como você se sentiria? Eu não preparei um churrasco, mas já me senti assim várias vezes. Inclusive eu tenho PAVOR de comemorar aniversário porque já fui deixada na mão por mais da metade dos convidados, em dois anos diferentes.

As pessoas pensam que “é ok” não poder comparecer, afinal o evento não é grande coisa. Você não tinha algo que te prejudicaria se não comparecesse. Na escola ou faculdade a gente não pode estourar o limite de faltas, pois pode bombar de semestre. Se for dia de prova então, não da nem pra sonhar em perder a data. Perder uma consulta médica é fora de questão, afinal é a sua saúde em jogo, certo? Faltar no trabalho então NUNCA, se não for com uma boa justificativa, de preferência com um carimbo válido, não acontece nem que a vaca tussa…e sim, tossir é com dois “S”, se você também ficou na dúvida.

Quando existe uma punição por não cumprirmos com o combinado ou com o esperado, nos esforçamos mais para não perder a data. Ou ainda, se vamos tomar bronca de algum superior, como o chefe, o professor, o gerente, ou até os pais, aí é pior ainda, porque ouvir bronca é insuportável, né?

Agora vamos analisar o cenário anterior, do churrasco. Cenário onde uma pessoa esperava receber outras pessoas queridas, para passar algum tempo agradável com elas, já que “essa vida é louca” e quase não da tempo de ver ninguém.

Essa pessoa provavelmente não vai te dar uma bronca, nem te cobrar do que gastou pra preparar as coisas que no fim você nem vai comer, afinal não foi no churrasco. Também não vai te dar um zero na prova ou te reprovar por falta.

Mas muito provavelmente essa pessoa vai ficar…chateada. Sim, chateada, magoada, triste, desapontada ou qualquer sinônimo que você queira colocar aqui.

Você pode pensar: “Ai, mas que frescura! Era só um churrasco, não era a vinda do Papa!”
Ou então: “Nossa, mas quanta carência, hein? Essa pessoa não pode passar um pouco de tempo sozinha não?!”

Aí, meus amiguinhos, entra aquela coisa. A temida, odiada e tão desejada de se evitar: a expectativa. Alguns tem mais, outros tem menos ou quase nenhuma.

Mas quando você fala para alguém “vou estar lá, com você, tal dia tal hora”, essa pessoa de fato espera que você cumpra o que foi combinado com ela. E ela pode esperar muito por isso, pois pra ela pode ter um significado muito mais forte do que você imagina.

Não sou hipócrita, eu já cancelei compromissos em cima da hora, falei que ia e depois não fui e já tive épocas onde vivia tão cansada que eu dormia até mesmo sentada, ainda mais se tivesse uma parede pra encostar.

Mas antes de colar um rótulo de “carente”, “mimimizenta” ou “fresca” naquela pessoa, já parou pra pensar no tanto de vezes que você cancelou um compromisso com ela?

Relevar uma vez é ok, ainda por cima quando todas as outras dão certo – ou seja de 10 vezes que vocês combinam de sair, 9 dão certo. Não podemos esquecer que não somos o centro do universo e que as pessoas não tem culpa de lidar com imprevistos.

Só que…e quando vira rotina? Quando você já tem certeza que aquele amigo, ou grupo de amigos, vai falar de novo “hoje não da”? “A gente vê outro dia…depois”. Mas é um “depois” que não chega nunca.

Não sei vocês, mas eu já me peguei várias vezes com medo de ficar sozinha, sem ter a quem recorrer. Com quem sair, me divertir, aprender ou conviver.

Eu sempre tenho a impressão que a vida alheia é badalada, incrível e cheia de compromissos maravilhosos, e eu que me perdi em algum ponto da vida, pois sou a pessoa mais disponível que eu conheço hoje.

Claro que tem dias que pra mim não dá, especialmente por ser prestadora de serviços, tem semanas onde eu tenho 759337 sites para entregar e eu chego na sexta-feira como se tivesse sido atropelada pelo Hulk. O verde mesmo, não o jogador :P

Mas posso falar? Quando a gente quer, quando esse querer é uma prioridade, quando a gente faz questão, a gente da um jeito e a coisa acontece.

Às vezes existe algo maior, mais pesado e difícil, que não fazemos ideia que as outras pessoas estão vivendo, então cancelar compromissos com os amigos acaba virando rotina.

Honestamente, acho que esse exemplo é exceção…e que falta mais organização, boa vontade e tranquilidade de falar um “não, hoje eu não posso almoçar na sua casa, tia-avó. Hoje vou passar algum tempo com meus amigos”.

Você fica bravo com gente que não te responde no WhatsApp? Visualizou e não respondeu? Eu fico brava com gente que combina algo comigo e depois desmarca. Especialmente em cima da hora ¯\_(ツ)_/¯

Não tem certo ou errado aqui, tá? Esse post foi só uma exposição de pensamentos ;)

<span>por</span> Pamela Rebelo
por Pamela Rebelo

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