7 razões para não trabalhar sozinha como webdesigner

Tão prontos para um post sincerão de quem viveu na pele os perrengues da vida empreendedora?

Ser uma webdesigner autônoma pode dar incrivelmente certo, é fato. Mas se você não se planejar para crescer e se tornar uma equipe, vai ter um teto salarial que mal vai pagar suas contas, pois seu trabalho depende 100% do seu tempo, disposição e condição psicológica.

foto de milindri

Vou contar aqui 7 razões que podem fazer esse negócio não ser sustentável a longo prazo.

1. Depender 100% do seu tempo

Se você fica doente, não tem quem te substitua e o trabalho atrasa. Se fica mal psicologicamente, trabalha em ritmo mais lerdo e o trabalho atrasa.

Tentei terceirizar parte dos meus serviços para ganhar tempo, porém meus fornecedores atrasaram. E adivinha? O trabalho também atrasou, troquei 6 por meia dúzia ¯\_(ツ)_/¯

E eu ainda precisava revisar e corrigir algumas coisas que eles faziam errado. Não é nada fácil escolher fornecedores que você possa pagar, que entreguem no prazo e que tenham a mesma qualidade de trabalho que você.

Desconfiem de desenvolvedores que cobram barato pra fazer site. O barato sai caro.

2. O tempo de trabalho

Meus projetos demoravam cerca de 1 mês ou mais para serem desenvolvidos, pois eu fazia o estudo de marca, a identidade visual, o logotipo, o layout do site e a programação (ufa!). Essa foi a forma que eu escolhi trabalhar, pois sou webdesigner e faço o projeto completo, então vender avulso pra mim nunca fez o mínimo sentido.

Qualquer dos atrasos que citei no tópico ‘Depender 100% do seu tempo’ podiam fazer esse 1 mês virar um mês e meio ou dois. Não era fácio D:

Eu também não queria vender em volume. Preferia fazer 1 trabalho maior do que 30 trabalhos pequenos.

Quem é webdesigner geralmente pega trabalhos maiores, diferente de apenas designers que muitas vezes fazem só logotipos e banners, por exemplo.

3. Respeitar o tempo da cliente

Não me entendam mal, eu sei que dentro de um processo criativo não é nada fácil a gente saber o que quer, especialmente para a nossa marca. Já passei por um caso onde eu estava super engajada no projeto e queria fazer a coisa acontecer logo pois estava com a cabeça fervendo de ideias, porém a cliente não estava na mesma vibe.

O que eu propus para ela foi pausarmos o projeto enquanto ela pensava melhor sobre tudo. Só que aí eu não teria uma data fixa para retomar o projeto, afinal a data que ela reservou na minha agenda já havia passado.

Além de tudo eu ia desconectar de todo o processo imersivo que fiz com a marca dessa cliente para passar uma segunda cliente na frente dela. O projeto da segunda cliente duraria pelo menos mais um mês, e na sequência já tinha uma terceira cliente esperando outro projeto começar.

Trabalhar sozinha nessas horas fica bem inviável, especialmente por não ter equipe para delegar os projetos e seguir de forma paralela com todos eles.

4. Ter um site “não é” essencial

E por que as aspas? Pois claro que é!

Especialmente depois da pandemia, qualquer empresa que não esteja encontrável na internet não existe.

Redes sociais fazem um bom trabalho, mas não substituem um site de forma alguma. Pra onde você manda seus seguidores se o Instagram cai? Pro seu site :P

Rede social é terra alugada onde você joga o jogo com as regras de quem a criou. Seu site: sua casa, seu terreno, suas regras. Tenha um site interessante que engaje o público e o faça ficar nele por mais tempo.

Só que sites nunca são a prioridade da cliente, especialmente de uma empreendedora (o que é BEM contraditório, eu sei) que era o público que eu escolhi atender.

A compra de um carro blindado depois de sofrer um assalto se torna mais importante, o investimento na mentoria da influencer badalada que “agora consumiu o dinheiro que eu tinha guardado pro site”, perda de clientes, gente que fica eternamente pensando, diz que “agora vai” mas nunca fecha negócio, etc etc etc. Não é por mal, mas ainda sim tudo isso acaba virando uma desculpa pra não priorizar a criação do site. E enquanto isso a webdesigner fica sem clientes U__U

5. Prospectar é difícil pra cacete

E olha que eu amava essa parte! Mas é extremamente difícil e desgastante ter que convencer as pessoas de que seu produto é necessário para o negócio delas.

E de que não, não tem desconto se você já tiver logotipo, pois o trabalho que eu vou ter para encaixar no site um logo que não fui eu que fiz – e que muitas vezes não tem nem identidade visual e manual de marca criadosé o mesmo trabalho ou até maior do que criar uma IV, logo e manual do zero.

Eu sou alguém que não gosta muito de ter que “convencer” ninguém, pois sou muito objetiva.

Meu produto é esse. Você gosta? Então compra. Não gosta? Procure outro que te agrade. Próximo da fila, por favor.

(gente, eu não falo assim com as pessoas na vida real tá? HAHAHAHAHA isso foi só uma forma debochada de mostrar minha maneira de pensar)

Acho até que eu serviria mais para ter algum produto físico (quem aí pegou a fase onde eu queria ser confeiteira? ˆˆ), pois eu sou exatamente dessa linha: esse é o produto que eu já tenho. Se ele te agrada, que bom! Se não, infelizmente eu não tenho outro para te oferecer ¯\_(ツ)_/¯

“Ai, mas tem que ter prova social”. Cara, eu tenho várias, não funcionava. Prova social ajuda a vender produto, mas não faz milagre.

“Ai, mas tem que mostrar que a empreendedora X passou a lucrar 3x mais com o site que vc fez”. – essa vibe “fórmula pronta de marketing digital” me da náuseas até hoje T_T

Sites não vendem sozinhos. Eles podem ser 100% planejados, desenhados e estrategicamente estruturados para cumprir esse papel, mas se a dona do site não faz o trabalho dela, site nenhum faz milagre em negócio de ninguém #prontofalei

6. Depender 100% de você

Você é webdesigner da sua empresa e dos seus clientes, é sua analista de social media e cuidadora do Instagram (que virou um peso gigante e desnecessário na vida de qualquer empreendedor), você é seu financeiro e contabilidade, seu atendimento ao cliente, seu departamento de marketing, planejamento, sua redatora e sua tia do café :P

Você só tem 8 horas no dia pra fazer seu expediente acontecer, e muitas vezes vai ter que se virar nos 30 e fazer hora extra.

É pesado, você vai precisar de ajuda com alguma coisa logo, senão vai pirar.

7. Fica muito caro

Pra fechar, esse foi o principal motivo que me esgotou e me fez querer voltar pro mercado de trabalho: falta de grana e inconsistência financeira.

Por depender 100% do seu tempo, você precisa cobrar caro em cada projeto para ter uma grana legal todos os meses. 1 projeto meu durava 1 mês ou mais. Eu moro em São Paulo capital e preciso considerar os custos de viver aqui (e não, eu não quero me mudar para uma cidade mais barata pra reduzir meu custo de vida). Pensem a qual valor eu precisava vender meus projetos para ter um bom salário a cada mês?

Fora que ser empreendedora é ter uma empresa, não adianta só ganhar o suficiente para o seu Pró-labore. Além disso precisa ter lucro, grana pra cobrir as despesas da empresa e reinvestir no negócio, se não você não cresce.

Ficava caro, as clientes não queriam pagar e eu ficava sem grana X__X

Tem público que pague o valor dos meus projetos? TEM! Mas vai pensando que é fácil encontrar e ainda conseguir fechar a agenda de projetos do ano. Não é.

Deus sabe o quanto eu ralei pra conseguir constância de clientes, e mesmo assim não cheguei no nível necessário para manter meu negócio rodando de forma sustentável.

Viver sem saber como vai ser o próximo mês não faz parte de uma vida empreendedora saudável e é receita pra falir qualquer negócio.

Fora que, gente, eu já esgotei tudo que eu tinha pra esgotar em webdesign. Foram 14 anos (dos meus 17 aos 31) trabalhando com a mesma coisa. Por mais que eu estivesse no meu melhor momento criativo, eu simplesmente saturei de passar o dia todo fazendo a mesma coisa. Além de tudo, quem empreende não pode passar a vida toda no operacional, senão não consegue dar foco no estratégico. Se sua empresa depende 100% de você, ela provavelmente não vai conseguir se sustentar a longo prazo.

Empreendedorismo me deu muito autoconhecimento, e se tem uma coisa que eu aprendi sobre mim é o quanto sou múltipla e dinâmica, então eu não consigo ficar tempo demais (mais de 10 anos, no caso) na mesma função. Por isso e todas as razões acima decidi voltar pro mercado, como já contei nesse post.

E fica talvez e reflexão para quem é da área – e de outras áreas também: você quer mesmo passar sua vida inteirinha fazendo a mesma coisa todos os dias?

<span>por</span> Pamela Rebelo
por Pamela Rebelo

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