Posso dizer que eu desisti, mas nunca parei. Empreendedorismo está no meu sangue (literalmente, porque meus 3 irmãos por parte de pai trabalham há anos por conta própria e não pretendem voltar a ser funcionários de ninguém) e faz parte de quem eu sou, então empreender eu sempre vou.

Mas dá pra empreender na empresa onde você trabalha. Empreendedorismo é uma forma de ser e de pensar, não só uma forma de trabalhar e ganhar dinheiro.

Talvez a narrativa do post anterior tenha ficado confusa, então segue a linha do tempo certinha pra vocês entenderem o que aconteceu comigo:

• 2016 a 2018 – trabalhei na empresa onde conheci aquele chefe que marcou minha vida profissional e me convidou pra ser gerente de projetos
• Novembro de 2018 – pedi demissão pois estava decidida a tentar empreender
• 2019 inteiro – empreendi como webdesigner, me conheci e me esgotei rs
• início de 2020 – lembrei do insight que meu chefe me deu e do quanto ser gerente de projetos fazia sentido pra mim, voltei a procurar emprego e fui contratada no meio da pandemia :D
• 2021 – infelizmente tive que sair do emprego em junho por conta da doença (na verdade eu estava com o pé dentro de outra empresa pois tinha recebido uma oferta maravilhosa e estava super feliz, porém a leucemia não me deixou seguir com essa oportunidade U__U)

Empreender pode ser uma jornada incrível, como foi a minha, mas ter um final mais breve.

Aprendi muito sobre quem eu sou e como minha cabeça funciona, e foi isso que me deu clareza mental para entender o que eu queria de fato da minha vida profissional: eu queria ser um braço direito, uma facilitadora, uma meio de campo, uma ajudadora e organizadora de bagunças.

Eu sempre fui tudo isso na minha vida pessoal, mas a gente demora pra identificar quem a gente é, né? rs

Todo esse autoconhecimento me fez entender que ser empreendedora não era pra mim, pelo menos não naquele momento de vida e, principalmente, com o modelo de negócio que eu escolhi ter e não estudei.

Querer empreender é fácil, mas se você não estuda o mercado e o modelo de negócio que você quer oferecer, a coisa toda pode dar MUITO errado, como foi meu caso.

Você se frustra pois trabalha igual louca desempenhando toda as funções da sua empresa, e no final do mês não ganha um centavo, mesmo tendo um desempenho excelente.

Quando você é funcionário, seu mau desempenho pode sim levar a uma demissão, mas a verdade é que você sempre tem uma nova chance de se corrigir e aperfeiçoar. E o melhor: seu salário está garantido lá no final do mês.

Seu salário não é pago de acordo com seu desempenho, mas sim conforme o que foi acordado no ato da contratação.

E sim gente, a empresa pode falir, pode tomar um calote, pode atrasar seu salário ou ter que te mandar embora do nada (nunca é do nada, empresas SEMPRE tem razões para dispensar funcionários), mas ser um funcionário garante uma segurança maior do que ser um empreendedor.

Dizem que estabilidade não existe, e que essa segurança é falsa, mas me permitam discordar. Isso pra mim é discurso de guru de carreira que acha que empreender é a única solução da vida. Não, não é. Estabilidade e segurança financeira existem, basta saber procurar, construir e como manter. Fácil não é, mas não faltam pessoas ensinando a fazer isso. Estabilidade tem muito mais haver com gerir sua vida financeira de forma inteligente do que ser empreendedor ou funcionário.

Se todo mundo empreender, quem vai ser funcionário? Sempre vão existir muito mais funcionários do que empreendedores, pois empresas se constroem com pessoas. Pessoas essas que são funcionários.

Ser funcionário não é feio, humilhante ou ruim – se é, você provavelmente está no emprego errado.

Aliás eu gosto mais da palavra colaborador. Funcionários colaboram com empresas, podendo ajudá-las a se tornarem melhores, a depender da maturidade e mentalidade de seus gestores (acredite, eu já tive gestores muito ruins, então eu sei que não é bem por aí querer chegar revolucionando a empresa).

Mas ao invés de reclamar que o mercado de trabalho é tóxico, talvez seja legal parar e refletir no que você quer com a sua carreira.

O que você busca como profissional? Quem você quer ser, que problemas quer ajudar a resolver, onde quer chegar?

Eu sei bem como é aceitar emprego por precisar de dinheiro, mas quem faz isso geralmente não tem critério para selecionar boas empresas para trabalhar.

Tudo bem aceitar um emprego ruim porque você precisa de grana pra pagar a faculdade. Mas então, quando a facul acabar, peça demissão e procure algo melhor pra você – falo mas sobre sofrimento com propósito neste post.

Hoje me sinto muito realizada sendo gerente de projetos, pois na real eu faço isso na minha vida sem perceber rsrs

Sinto que descobri meu papel no mundo e desempenho essa função muito bem. Sem modéstia, porém também sabendo que sempre há o que melhorar e aperfeiçoar.

Talvez eu volte a ser empreendedora um dia? Eeermm, não sei. Eu hoje não consigo ver um modelo de negócio que funcione pra mim e renda o dinheiro que eu gostaria de ganhar todos os meses.

Empreender pode gerar uma renda de 6 dígitos ou mais todos os meses, mas ninguém começa ganhando isso, muito menos sem um modelo de negócio bem estruturado, do qual eu não tenho.

Eu amo criar conteúdo? AMO. Mas eu não me vejo ganhando grana suficiente com isso para ter a tranquilidade de me sustentar como um emprego me da. Então prefiro seguir criando conteúdo de forma leve e despretenciosa enquanto concilio isso com um emprego tradicional, ao invés de jogar o peso do retorno financeiro numa coisa que eu amo tanto fazer e tornar isso uma obrigação que tem data para ser entregue e paga minhas contas, entendem?

Espero que esse post faça sentido pra você e te ajude de alguma forma <3